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a sombra tem cheiro de passos.
a calçada, atropelada,
embioca aos trambolhões numa ladeira
que tudo leva, meu Deus:
música, alma e cidade,
tudo despenca desimaginado
na correnteza empoeirada da rua,
que dá no mar.
a concha no ouvido me diz dos carros,
dos ônibus e caminhões.
na terra, mais gente que areia
é marulhada pela brisa que lhe espalha
o sal e as cinzas
pelo calçadão.
desconecta-se a orla
do mar que a produz.
muita gente, muita gente,
muitos muitos entulhados
no basculho da restinga urbana,
que incha
e avança ferozmente.
no céu, um domingo epitelial;
mal sabe o Sol, que não nasceu ontem,
do fiasco da vida de seus raios.
quem sabe, à noite,
a rua bêbada suba a maré
e permita que a fauna urbana
— a verdadeira —
retome a posse da vida
no vaivém indiferente e sanitário das hordas.
25-26/05/22
a calçada, atropelada,
embioca aos trambolhões numa ladeira
que tudo leva, meu Deus:
música, alma e cidade,
tudo despenca desimaginado
na correnteza empoeirada da rua,
que dá no mar.
a concha no ouvido me diz dos carros,
dos ônibus e caminhões.
na terra, mais gente que areia
é marulhada pela brisa que lhe espalha
o sal e as cinzas
pelo calçadão.
desconecta-se a orla
do mar que a produz.
muita gente, muita gente,
muitos muitos entulhados
no basculho da restinga urbana,
que incha
e avança ferozmente.
no céu, um domingo epitelial;
mal sabe o Sol, que não nasceu ontem,
do fiasco da vida de seus raios.
quem sabe, à noite,
a rua bêbada suba a maré
e permita que a fauna urbana
— a verdadeira —
retome a posse da vida
no vaivém indiferente e sanitário das hordas.
25-26/05/22