Número de sílabas (desde 11/2008)

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sábado, 30 de junho de 2012

SONETO DO CORPO TRISTE

Foto: Araquém Alcântara
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Corpo — que ardes da febre dos malditos,
alheia das dores a ti submetidas —,
cai por terra sobre as hordas aturdidas
e espalha o sangue das farpas dos teus gritos.

Descarna sobre o chão teu carpo encarnado,
tu, que, da pele, ergueste o espírito aflito
e te deste ateu ao rito dos contritos
— tão mais uno quanto mais despedaçado —

para a mesa posta e os dentes da matilha
rasgarem-te a memória e a fantasia.
Tu, que és do todo a parte que deseja,

completa-te a cobiça — quem não diria? —
com a rara esmola do corpo que cortejas
e que perdes, ao passo que te partilhas.

30/06/12

BATOM DE ROSA


O amor é uma flor das mais brutas
Que o ventre da gente devora
Que brota das bocas das putas
E em cujas bocas, no céu, evapora.

28/06/12

domingo, 24 de junho de 2012

ROLLER COASTER


Subversiva, a embriaguez.
Ela põe uma espiral na espinha
e te faz, uma vez trilho,
uma roller coaster.

24/06/12

NATUREZA


Existem muitas naturezas.
A minha é dizer adeus.

24/06/12

sábado, 16 de junho de 2012

O METROFOR


Vandalismo? SIM! Sacanagem? MUITA! Merecem punição? OBVIAMENTE!
Porém, não vamos abrir a nossa boca (ou, neste caso, usar os nossos dedos) para dizer que “estão destruindo o que fizeram por nós”. O METROFOR levou mais de uma década pra se tornar viável (e só parcialmente). Já deveria estar pronto ou, ao menos, funcional HÁ MUITO TEMPO. Não nos esqueçamos dos nomes dos verdadeiros LADRÕES (de verbas, de tempo, de paciência, de DIGNIDADE).
Vamos exigir segurança, sim. ENTRETANTO, NÃO NOS ESQUEÇAMOS DAS FIGURINHAS POLÍTICAS QUE NOS ROUBARAM MAIS DE DEZ ANOS DE USO URBANO, FIGURINHAS ESTAS QUE ESTÃO AÍ, DOIDINHAS PARA SEREM REPETIDAS NO ÁLBUM POLÍTICO DE NOSSA SOCIEDADE.
Não defendo o marginal, mas… temos mesmo certeza de que NADA justifica isso? Discordo gentilmente. Sei que não é o caso, mas imagino o que eu mesmo faria sob circunstâncias em que me tirassem tudo, inclusive a dignidade, a decência, a liberdade… Será que os estudantes que nos precederam nas praças, nas ruas, nas celas de prisões, nos paus de arara concordariam com esse NADA?
O Ceará enfrenta um estado de calamidade pública no interior, com a seca. Nos fins de semana em que ocorrem jogos de futebol entre as duas “bênçãos” que temos aqui, não se pode sair de casa, praticamente. Nós, que somos professores, devemo-nos lembrar do tratamento dado à nossa categoria pelo mesmo “senhor” que nos “presenteia” com esse trenzinho, o mesmo “senhor” que se importa mais com a pintura das Hilux do Ronda e com o “Acquário” que com os problemas supracitados. Sem falar, claro, que ambos estes últimos projetos aí sairão “finalmente” (oh, que coinCIDência feliz!) às vésperas da Copa…
Ai de nós, se não fosse a Copa… Coitadas das avenidas, que não receberiam recapeamento… Pobres calçadas, que continuariam a não ser chão… E a iluminação, e a segurança, e o abastecimento d'água, e NÓS?
O QUE SERIA DE NÓS?
VIVA, CID GOMES!
VIVA, LUIZIANE LINS!
VIVAM, RICARDOS TEIXEIRAS DA VIDA!
OBRIGADO DE CORAÇÃO POR LEMBRAREM-SE DE NÓS, MEROS CONTRIBUINTES, COM SEUS PRESENTES TÃO DIVINAIS E CHEIOS DE ABNEGADA COMPLACÊNCIA COM ESTAS POBRES, IGNORANTES E DESASSISTIDAS CRIATURAS ELEITORAS QUE SOMOS…

16/06/12

quarta-feira, 13 de junho de 2012

EPICURA-TE


Despe-te dos absurdos
e simplifica-te.
Sobe aos céus nu e sem asas
e salta
por sobre toda a vida que te conheceu
sem saber de ti.
Não cairás,
pois cair é morrer,
e morrer é doer na vida a dor da ausência,
e vida, aquela, não és mais.
És além.
Nunca mais serás outro,
senão em ti
as asas invisíveis que flamejam conturbando o ar,
as asas que te sustentam:
o pulso que te comprime
dentro do peito que não é o teu.
Simplifica-te e bate,
que outra vida não te quer,
senão a que abraçaste.

13/06/12

quinta-feira, 7 de junho de 2012

IMPREGNANTE


Todo poema é um grito
de um parto para dentro.

07/06/12