(Foto: Fernando de Souza. Clique para ampliar.)
gota a gota, o jardim aceita a chuva,
que tira do telhado
a roupa do verão.
debaixo, a terra, no escuro,
a despeito de seus arrepios
— a que chamamos primavera —,
planeja os rios que sangram nos mares,
onde mora a alma das chuvas.
o que somos
simplesmente assiste,
temeroso e encantado,
entre bicas, goteiras e enchentes,
ao petalar-se das flores que desabrocham em nós
e à miséria da lama que soterra vidas e memórias.
nos hiatos de sereno,
em que até a lua chora, melancólica,
lacrimeja o peito sertanejo a aurora
e o orvalho matinal da invernada.
31/01/20