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segunda-feira, 15 de julho de 2019

O REBUSCAMENTO DO ENLEIO


(À Talita, a Rainha,
minha Estrela Síria e Sol lunar,
que do amar se avizinha
e é minha por a mim amar.)

O sonho erguente do corpo
E o sopro ornante do vergel,
No céu de baixo e no do topo,
Piropos dobram do donzel.

Violantes vozes vibram,
Mãos insones solfejantes,
Antes da dança, rebrigam
E obrigam aos dois amantes

O véu que o vento fabrica
Na bica do palacete,
O enfeite e o mel da cica,
A estica e o ramalhete.

Na liça, que envolve a justa,
Assusta quem passa e olha
A molha langue e venusta
Que ajusta a vida que abrolha.

No enleio exangue dos corpos,
Isótropos nós solfejam,
Beijam lábios alótropos
Copos que seiva sobejam.

Assim, assume o verão
O rincão da primavera,
Que, de hera e manjericão,
O chão da pele tempera.

Sequer a mão do destino
E o fino zunir do punhal
Mal fazem ao desatino
Do menino amor seminal,

Que, d’almas, fez espíritos;
De gritos, vocalizações;
Que, de embriões contritos,
Conscritos criou corações;

Que, dos sós, perdidos no mar,
No amar, adestrou capitães
Que os cães solem açular,
Pois do amar lhe são guardiães.

15/07/19