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sábado, 26 de setembro de 2020

DA BELEZA

Alexandre Cabanel - The Birth of Venus (1864)
(Clique na imagem para ampliá-la.)

não posso aceitar beleza
que não faça sofrer.
ser belo é ser,
nos olhos dos outros,
a angústia da miséria do corpo
e a mendicância do amor.

eis que a fome,
até então incógnita, sem prenúncio,
crava os dentes na traqueia
e surra o baixo-ventre,
socando a boca do estômago:
é lá que passa a beleza
no vento maldito das saias.

beleza que não faz sofrer
é faca cega
passando margarina em pão seco
numa tarde faminta de banquetes.

25/09/20

2 comentários:

Unknown disse...

Eu que não finjo espanto,
do tanto que vejo e,
fome passo de olhos
e dedos certeiros do amor.

Unknown disse...

Eu que não finjo espanto,
do tanto que vejo e,
fome passo de olhos
e dedos certeiros do amor.