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domingo, 17 de fevereiro de 2019

CONTINUAÇÃO

O tamanho exato do mundo eu não sei, nunca saberei
Mas o tamanho exato dele não me espanta nem engana
Porque o mundo é feito da minha mesma matéria
E se não me sei o tamanho nem nunca saberei
Sei-me, entretanto, inteiro e meu, inteiro e teu, inteiro e inteiro!

Tão inteiro que não me caibo e continuo nas coisas que olho, nas que me olham
Continuo no chão que piso e debaixo dele, entre raízes, tanajuras e vermes
No suor, que vira sal e nuvem, e chovo, e continuo no mar, que brilha azul visto da Lua
E na Lua flutuante na poça d’água que chovi

Continuo nos sons e nos silêncios
Que nada mais são que infinitas vozes que me imaginam
Que nada mais são que eu dentro dos ouvidos que emprenhei
E todas as frases que nem me sabem, mas me são misturado a tudo e quanto

Continuo em minha mulher e meus filhos e em meus pais que lhes conto
Carrego minha vida como água nas mãos
E morro regando meu rastro
Continuo mesmo descontínuo
Porque sou da mesma matéria do mundo, e o mundo é em toda parte
Diferente e outro, dentro de si e além

17/02/19

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