I
Onde, o espaço, Clarice?
No fim .
II
Sair para deixar entrar
e ir saindo de tudo
e ir indo
indo
o ido inteiro
até só restar chegar.
III
Sentia frio nos pés
mesmo no pingo do meidia:
pronde ia o sangue
que no corpo se calava?
Do céu, caía morto
sem nenhum alvoroço
e sem deixar saudade
o último pardal-azul.
IV
Falta um anjo conceder
o que deixou de me guardar:
na testa, nunca mais, o beijo;
no corpo, ausente o desejo;
e o sono, sem adeus a dar.
V
A casa acerta com o tempo
uma aposta de compadres.
Volta e meia, vem um vento,
e o casado se descasa
na volante de um instante.
Pelo chão, o lixo sorridente
futuriza o despassado:
não são mais cédulas,
na voragem do torvelinho;
é a paga do tempo,
que a casa sempre vence.
11/09/24

Este blogue se destina ao uso artístico da linguagem e a quaisquer comentários e reflexões sobre esta que é a maior necessidade humana: a comunicação. Sejam todos bem-vindos, participantes ou apenas curiosos (a curiosidade e a necessidade são os principais geradores da evolução). A casa está aberta.
quarta-feira, 25 de setembro de 2024
O VOO DO ÚLTIMO PARDAL-AZUL
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