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domingo, 23 de fevereiro de 2020

FAXINA

Há que se deixar em paz um sentimento até ele deixar de ser. É preciso cuidar de deixar de sentir assim como de sentir. Somente assim, nessa retroação, podem-se faxinar dos cantos e desvãos os restos mortos dos que esperam no além pela paz do desamor. Funciona assim como com as sombras, que, estendendo-se nas superfícies onde estamos ausentes, continuam os corpos, como uma noite de um dia, e é preciso viver com os dois juntos, em harmonia. As sombras são a nossa presença ausente, a interseção do que somos e do que não somos. Contudo, não se fala nem se come nem se faz amor com sombras, muito menos se pode ter medo delas, principalmente da sua própria. Contemplam-se e esquecem-se, para que se possa depois contemplá-las devidamente.

13/12/19

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