E aqui, neste nada emparedado,
Trancados e sem chave, subsistimos
De roer a parede fina e transparente
Que separa de nós o sobressalente passado.
29/06/14

Este blogue se destina ao uso artístico da linguagem e a quaisquer comentários e reflexões sobre esta que é a maior necessidade humana: a comunicação. Sejam todos bem-vindos, participantes ou apenas curiosos (a curiosidade e a necessidade são os principais geradores da evolução). A casa está aberta.
domingo, 29 de junho de 2014
sexta-feira, 20 de junho de 2014
PASSADO
Passo a passo, o passado.
Presente, o passado.
Bem pesado e bem medido,
porém pesado,
o passado.
20/06/14
segunda-feira, 16 de junho de 2014
DA DINÂMICA DOS SONHOS
Não me importam quantas nem quais. Qualquer um que realize um sonho sobe um degrau de existência que lhe confere o direito de se sentir bem consigo mesmo a despeito das multidões e das estatísticas. É possível, dessa forma, sair do viver ordinário, esse viver medindo-se e comparando-se a outrem, pois, mesmo em companhia de outro de igual feito, sente a singularidade de seu nome reinventado em sua carne, pela primeira vez, mais que letras impressas numa cédula de identidade ou vocativos de cimento social.
Realizar um sonho é nunca mais precisar do espelho de seu nome para existir.
16/06/14
segunda-feira, 9 de junho de 2014
ORAÇÃO
Hei de ser grande para resistir
e pequeno, para evitar.
No meio de todos,
ter o tamanho da prudência e da coragem,
ainda que não caiba no mundo
nem o comporte.
Porém, acima de tudo,
devo me desvencilhar de tudo que não sou,
pois não devo ser estrangeiro
em meu próprio coração.
09/06/14
quarta-feira, 4 de junho de 2014
IDADE
O meu medo é tudo isso se perder.
Tanta coisa se perde…
E não é esse perder de se achar depois, uma geração depois, até;
É esse perder de ter até a memória enterrada,
O nome, comido dos livros pelas traças da imbecilidade.
Eu tenho medo quando me sinto velho,
Porque, quando me sinto velho,
Sou irreconhecível em tudo que me cerca.
Ficar velho é ver, cara a cara, a perdição daquilo que se ama
E não nos ama mais
Porque mais não existe.
Ficamos sós — nós e as febres, ardendo na testa.
28/05/14
O DIA DA SAUDADE PLENA
Amanhã também amanhecerá
O dito que digo hoje dentro da noite destas palavras
Mas talvez de mais tempo precise
A verdade dentro do dito dormente
Para acordar a aurora definitiva
Em que o sol mais não se nuble
E o dia de mim mais não se crispe:
Estou pronto finalmente
Nada mais me falta
E, de tudo, a falta sinto
Os pedaços que apresento, completos!
O sertão deserto, esmiudado!
Estou pronto, meus senhores, e estou prestes!
Nada mais deixo, levo ou trago!
Há de chegar o dia
Em que o amanhã amanhecerá o homem
Em que o dito dirá distinta
A verdade plena desta saudade
04/06/14
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