Fonte da imagem: @iwanttoleaveok (Instagram)
(Clique na imagem para ampliá-la e na legenda, para acessar a página de origem.)
(Clique na imagem para ampliá-la e na legenda, para acessar a página de origem.)
é difícil criar um país sobre outro
sempre resta alguma edificação
uma estrutura de linguagem
um nadinha de cultura
o povo teima
a terra teima, até a fauna teima
deixar continuar a ver se melhora
é a covardia que renite
como única forma possível de apaziguamento
ou isso
ou virar cometa
bomba H onipresente
peste e obliteração
pensar que ser país é democracia, diplomacia
e outras louçanias
não cola mais na catastrófica vida em comum
lugar de despotismos e ditaduras imperiais
mas aqui se teima
e aguardar no sofrimento o cansaço da guerra
tornou-se o que se tem para hoje
e amanhã
e depois
a ver se há um modo mais digno
de não perder fronteiras
de não queimar constituições
de manter os invasores visitantes
a quem, um dia, há de se dizer adeus
24/02/25
P.S.: Poucas coisas são mais empobrecedoras em literatura do que explicar as alegorias de um texto, mas, dadas as circunstâncias sociopolíticas atuais, achei necessário explicitar aqui que a “política interna” de que trata este poema é uma metáfora para as angústias pessoais de um indivíduo a cujas sanidades mental e emocional a vida em sociedade e as crueldades e atrocidades do cotidiano têm se tornado fatores nocivos, ou seja, não há nele nenhuma expressão de defesa de ditaduras, nem de xenofobias, nem de nenhuma conduta reacionária, menos ainda de apologia ou de incentivo a elas. Trata-se de um poema íntimo, que aborda as dificuldades que uma pessoa tem de lidar consigo mesma e com as circunstâncias em que se insere. A codificação extrema nada mais é do que marca de estilo e assim deve ser considerada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário