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sexta-feira, 12 de junho de 2009

TODA AQUELA POESIA

não sei onde está
toda aquela
poesia
ia
.

agora as linhas não são mais que linhas meio que retas meio que fronteiriças meio que finíssimas espadas
alinhadas
no nada

e andar no fio da espada
como fazia sem sentir a poesia
sem medo do vermelho do sangue
sem medo do melodrama novelesco
sem medo
não dá mais

porque já não sei mais onde
por onde anda
o que é
dela

as palavras trapezistas
perderam as sapatilhas

as trombetas matinais
chamaram o corpo pro descanso do ofício
por uma última vez
que não sei quando foi

mas ficaram as linhas feito fios que se entramam em paralelas e parábolas tortas
de poste em poste uma malha de gaiola suspensa
como uma roupa em que falta quase todo o tecido

e nessas linhas me movo, por baixo, ao largo, à margem delas
misturado a tudo, esquecido como tudo, vago, soturno, desespaçado
por aí

feito uma poesia que já não é mais.

10/10/2005

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