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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

BARRO DE LOUÇA


Ando cansado de porcelanas.
Sei que são lindas, brancas, imaculadas
e delicadas ao toque
e aos acidentes.
Mas, ando mesmo é com saudade do barro de louça
que se romantiza entre meus dedos dos pés
encharcados de uma chuva de infância
num interior de terra branca, fina,
de bichos-de-pé coçados gostoso
em amores de rede e varanda.
Não quero mais chás,
nunca gostei de chá!
Menos ainda, os calmantes.
Anda-me a vida já muito lassa, amofinada.
Sinto saudades do café forte de minha mãe
servido na caneca de aço,
em cujo fundo havia timbrado o nome da Santa Casa de Misericórdia;
que pertencia a meu pai
e cuja história desconheço...
Não quero mais as louçanias de namoricos vestidos de branco!
Quero mesmo é me sujar na lama boa
na lama cor de terra, cor de mim,
na lama faceira e escorrente de um quintal
onde já estive outrora,
quando fui terra brava, batida e pisada
de bichos de sertão,
terra aquela que conheceu chuva de renascimento
e me germinou
em manhãs de casamento de raposa.

22\08\12

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