Estamos mesmo invariavelmente sozinhos.
Nascemos sós,
e ninguém se nos incorpora durante nossos espasmos,
e nada nos é fora de nós.
Inevitavelmente, aproximamo-nos
numa tentativa desordenada de ser dois,
de viver dois, de morrer dois.
Porém, morremos somente, e sós.
Muito fortuitamente, caso não despertemos,
também não desperta em nossos dias
de homens sobre a Terra
a consciência.
Teria sonhado em outra vida
ser como os vegetais
que se enxertam e ramificam,
que confundem suas raízes,
que, simbiontes, cooperam,
que formam uma massa verde
onde vivem bichos que cantam e voam.
Ou um coral
e, em colônias, afundar navios de guerra
e abrigar todas as cores bailantes do mundo.
Mas, quis Deus que fosse só um homem,
dessa espécie que sobe montanhas,
bebe café amargo, afasta o que ama
e codifica outro,
na esperança de sê-lo.
Quis Deus que eu vivesse acordado.
De que serve a poesia
se, com tentar sê-la,
percebe-se o seu tamanho real e inalcançável?
09/08/10
Um comentário:
Perfeito!
Amei o texto Fer...
Seu blog é um presente!!
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