
Deus está na ausência do homem.
Mas como pode ser que, quando vejo o mar, eu veja Deus se eu ali estou?
Então é que Deus está ali mais amplo, mais claro, mais perceptível?
Ou não é o mar nem as ondas nem a ausência de todos os homens o que vejo?
Estaria Ele na minha ausência própria?
Ou o contrário?
Será que é em mim?
Eis o mar, e o que vejo, tudo para quanto olho, e para dentro, para dentro,
E vêm as ondas, e quebram nas pedras, e lambem a areia,
E espumam, e se revoltam, e escorrem para o ventre ermo, e retornam,
E saltam seus palmos às pedras novamente para dentro, para dentro, para dentro…
Não, Deus não está neste mar nem no homem.
Nem na ausência do homem.
Mas continua o marejar arrebentando
E o barco das espumas carregando os olhos para longe de mim.
15/02/09