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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

ALMA SERTANEJA

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Todos os sentimentos ruins são fortes, fortíssimos.
O amor, a compaixão, o carinho são frágeis, débeis, tíbios.
Na escuridão do corpo, não têm força de engendrar-se. O corpo é forte.
Nele, nas axilas, nas virilhas e nos intestinos, reinam a mágoa, o rancor e o ódio,
Como reina um sol que se emeiodia num chão sertanejo
Assim que nasce
E tiraniza até avermelhar as fúrias do crepúsculo.
A alma, essa coitada, vaga de lá pra cá
Frágil, débil e tíbia
Carregando o espírito do homem sobre o lombo,
Anjinho semimorto e agreste,
Às beiras das poças plúmbeas das águas que os bois sobejaram.
A alma, essa mãe esquálida, não pode com o corpo, potência de fogo e pó,
Mas é ela que anoitece
E dá de beber ao amor, à compaixão e ao carinho
De seu peito murcho, com o leite mais frágil, débil e tíbio,
Até a hora amarela da próxima aurora renascente.

06\11\14

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