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domingo, 8 de janeiro de 2012

FORMOSA


“Mulher que nega
Não sabe não
Tem uma coisa de menos no seu coração”

Carinho é coisa incompleta.
Por isso mesmo, é nuvem de céu equatorial:
passa, ensombra, esfacela-se meiga e reinventa suas formas
no azul e no negro, igualmente;
porém não chove
e à terra, que sua alma acaricia
— pois a sombra é a alma do que é vazio —,
não lambe a pele com seus rios,
nem se lhe entranha com seus veios.
Não lhe goza na carne triste a renhida temporã
de um amor de macho transformado em força,
em mares despedaçados em partículas de vida.
Carinho é feito moça donzela,
que tem mais valor no guardado da prenda
que têm nas bocetas as humildes prostitutas
que saem pelas esquinas, distribuindo chuvas e sorrisos de meias-noites.
O sazonal da vida do homem
só conhece o beijo lânguido daquela,
ou o outro, negado, desta,
mas, nunca, a primavera!,
quando a terra casa e copula,
e quando nascem dos caroços de manga, enterrados na prenhidão dos amantes,
a doçura de estarem amados
como os amaram no mais profundo de seus corações
suas esperas amargas de tantas e longas estiagens.

08/01/12


Poema escrito em parceria de espírito com minha amiga Daniele Fernandes, que o conheceu talvez até antes de mim. Beijo, Dani.

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