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domingo, 11 de janeiro de 2015

À BEIRA-MAR

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O que não é feito de saudade é feito de ausência.
Costuma, entretanto, que haja das duas uma inexistência breve, e elas, simplesmente, não sejam.
Aí, tudo é o silêncio que dá e tira nome a todas as coisas.
Tu te chamas… Tu és…
Ah, mas como é relativa e inconstante a brevidade da inexistência…
Como gritam todas as coisas, como as pedras, o chão e as paredes, por que se lhe calem para sempre os nomes pedras, chão e paredes, e que as deixem apenas su e comportar!
Não lhes cabe caber.
Meter-se entre elas e caminhá-las é coisa para itinerantes.
Cabe às coisas, na ausência da saudade delas, apenas não serem, ou serem ignotas como a presença dos átomos.
Há quem sinta falta de algum?
Contudo, ao cabo do lapso, retorna como ondas que não têm culpa de ser mar a saudade que tudo-nada traz e deixa na areia o estado de esta nem ser terra nem mar, mas uma coisa-entre, um silêncio de nomes, uma essência que, quando ia ser… não foi.
É disto que é feito o homem: palavras.
É forte, pois entendeu “força”; vive, pois lhe contaram “vida”.
Saudade é quando tudo foi, e as palavras são.
Como a areia que a onda deixa molhada e sedenta.
Sem o silêncio que lhes esquecia os nomes.
O que partiu existe?
Ah, mas como ele grita alto a sua inexistência…

11/01/15

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