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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

CORTEJO


Parece que morreu alguém.
Tudo se sente, menos a parte que faz a gente não perceber que sente.
É um acordar definitivo, um desvelar das inocências, uma epifania clariceana.
Falta alguma coisa que era a mais importante, mas o que era?
Quem era?
Um pedaço, um membro amputado?
Deve haver, em algum lugar do coração, pálpebras.
E essa morte de charada mais me parece como se essas minhas pálpebras tivessem sido rasgadas com tesoura cega, e o peito quisesse fechar os olhos, mas não pudesse.
Onde, esse cadáver vivo?
Quando, esse presente morto?

24\09\14

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