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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

CABARET FRANCÊS


Quando amar, deixe o ser amado saber-se.
Esconder o amor sob os véus da prudência
Ou deixar que dele o silêncio contemplativo diga a malha,
O cheiro e o gosto através dos olhos austeros
Não o engrandece,
Nem há fumaça romântica de cabaret francês que lhe heroicize as faces.
Ame às claras, que é no escuro que o amor dorme,
E não há paz maior que um amor de permanente aurora.

27/08/14

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

LITERATURA E LINGUÍSTICA


Comparar Literatura a Linguística é como comparar uma casa às ferramentas que a construíram, ou uma pintura às tintas e aos pincéis. A ferramenta existe para inúmeras tarefas, incluindo a arte. Pessoas que deificam os livros, mas pisoteiam as palavras, sempre me pareceram aquelas caricaturas azedas existentes nas igrejas: adoram o ouro das estátuas e as filigranas dos escapulários, mas afetam-se diante das chinelas roídas dos pobres que ergueram o templo.
Estudantes de Letras, melhorem! Vocês não existem por tributos, não nasceram para adorar um Olimpo de deuses, porque são humanas as palavras, e é suor o que as une nos textos. Escrever, meus caros idiotas, nada mais é do que verbalizar o mundo invisível por trás da mera existência humana, processo no qual as ferramentas e a obra partilham igual importância; e por meio do qual são igualmente sublimes.

21/08/14

sábado, 16 de agosto de 2014

MOIRÃO

Clique no autor para acessar a página e na imagem, para ampliá-la.

Ser a Europa no verão;
No inverno, a Argentina?
Ou subir essa campina,
Seio e braço do sertão,
Que é mãe, e pai, e filho, e irmão,
Que é sede, e fome, e sina,
Mas é mestre que me ensina
Que mais forte é o moirão
Quão mais firme, a areia fina?

16/08/14

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

REGISTRO

O passado, essa coleção de letras, sons e imagens gravados, é o único que me interessa. Porque há um outro, um passado que me bate na porta das experiências presentes, alterando-lhes o sabor, fazendo delas memórias falsas.
Este é nada mais que fantasmas, cadáveres de gaveta que perambulam dentro dos olhos, arrastando correntes, gemendo frases alteradas que se confundem com as minhas, redizendo-as cheias de culpa e rancor.
Quando me sobra o tempo, falta-me; quando sou em paz, amarga-me; feliz, entristece-me. Viver bem é esquecer e lembrar sempre à toa, sempre sem querer, como se lembra e esquece um sonho. O resto é registro e tempo presente, e só.

01/08/14