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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

ENGRENAGENS


Perguntar a quem escreve o porquê de escrever é doído. Não basta haver tanto o que se dizer sobre tanta coisa… Aí, a pessoa argumenta que escrever não leva a nada, é inócuo, inútil, que as engrenagens sociais sempre se movem pelos interesses da minoria dominante. Treplico. Todo chef sabe que, por maiores que sejam o requinte, a raridade e a frescura de seus pratos, eles vão virar merda. Porém, o chef é um artista. Um artista não faz arte para que a arte tenha um sentido além de si. Isso é com os gourmets, que o saberão com sua alma, sua língua e suas tripas. Um artista faz arte para que ela dê sentido a ele mesmo. E ele a faz porque o sabe e porque o pode.
Uma crônica existe não somente para que a leiam. Ou um poema, ou um romance. Eles existem para que o autor coloque-se diante de si e dos outros, sem pele, sem escudos, a fim tanto de que conheça a si próprio como de que outros se reconheçam nele. Escreve-se porque a palavra une. Unidos, quem sabe, movamos alguma engrenagem…


07\02\14

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