O silêncio entre as palavras: Cajuína, a cara do Nordeste.

Sempre me intrigou esse espaço, essa lacuna entre as coisas que dizemos. Como escolhemos as palavras? Escolhemos, de fato? Se escolhemos dizer "faz tempo que a gente não se vê" (o que pode querer não dizer nada, pode ser um sinônimo desmembrado do "olá"), quantas são as tantas coisas que não dizemos? Por que não as dizemos?

Já foram várias as vezes em que, numa mesa de bar, numa conversa casual qualquer num lugar qualquer, atingiram-me violentamente essas lacunas do discurso daqueles momentos. Em algumas dessas vezes, houve em seguida um entristecimento massacrante, uma desorientação como se a total ausência de importância do que se falava me contaminasse irremediavelmente.

Claro, existe a necessidade de se conversar sem compromisso, sem reflexão, sem importância, sem a chatice de precisar dizer coisas interessantes. Sou até partidário dessas práticas discursivas, acho realmente que "miolo de pote" é um dos assuntos mais proveitosos. É como levar a mente prum parquinho e deixar que ela pendule num balançador de corda velha.

No entanto, muitas vezes, surge esse incômodo. Um silêncio que precisa materializar-se em palavras, um silêncio que urge as palavras a traduzi-lo em tentativas vigorosas, em espasmos violentos de significação. O silêncio cuja expressão é a razão de ser de todas as palavras.

06/11/08

Número de sílabas (desde 11/2008)

domingo, 5 de janeiro de 2014

Cajuína, a cara do Nordeste.

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