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quarta-feira, 3 de abril de 2013

ROSAS FABRIS



Na mão, uma rosa
velhinha, velhinha…
Murchinha, na sua meninice de botão.
Um espinho no peito,
uma coisa dessas da vida
(a vida não sabe nada de desabrochos…),
e uma marca negra nas bolsas
que não dormiram seus olhos
denunciam os botões doentes
de velhices precoces,
de vidas-morte fortes,
ainda que moribundas;
ainda que rotundas, infecundas, veniais…

A rosa-forte do meu coração
(mais negra que rubra,
mais punho que afago,
mais carne que sangue)
desespera no cesto da florista,
ambas à espera.
Ambas, oxidadas,
comidas de fungos e sol
e eivadas de agonias febris,
habitam nos eitos das fábricas
entre as mãos cansadas
e as engrenagens sujas
que sustentam a torpe indústria dos idílios.

A rosa parada
numa calçada da vida
não enfeita,
não perfuma
nem comove.
A rosa, de mão fechada,
puta abandonada
entre o jardim e o cabelo,
não entende que é da vida
para o que der e vier.

03/04/13

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