Não
acho paz
para
a minha falta de eus.
Há
um que deveria estar aqui cuidando de mim
me
impedindo de ser outro que me submetesse.
Há
outro que deveria me usurpar
revolucionando-me
no que é totalmente diferente de mim.
Há
ainda um terceiro
sem
nome, sem pronome
um
mistério que nunca se revela
senão
nos momentos de desespero
segurando
as rédeas, dando gritos de ordem.
Em
vez disso, sou uma casa vazia de anáforas.
Não
rejo verbos
não
substituo pessoas
não
topicalizo frases.
Sou
um pronome dêitico sem referentes
uma tautologia
uma tautologia
uma
elipse imperceptível.
Onde
estou, não atuo nem sofro
os
inúmeros verbos que cometo.
Não
me predico, não tenho estados
sequer
opinativos: nada se parece comigo.
Sou
uma palavra que espera, ainda, ser inventada
dentro
de um livro, em uma conversa de bar
e
que remeta ao sentido estrito
dessa
carência de realizações, dessa infinita espera
que
é a única semântica existente na vida.
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