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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

1:27


Morrer e nascer de novo são a minha especialidade.
Sempre gostei de tempestades.
E as temi.
Mas nunca disse ao mar: SECA!;
nem, ao vento: ESTANCA!;
tampouco, à chuva: ESTIA!
Sempre tive um quê de náufrago…
Sem pátria, desterrado, como Lilith e Caim,
e ainda à espera da epifania de meus crimes.

E tem chovido!
E estiado…
Sem que eu desejasse um ou pedisse outro.
Aqui, só me restam perguntas: prosseguirei?, resistirei?
Resistir é verbo de que não sou dono: acontece, e eu sofro,
mas sem que possa dizer que padeço.
Padecer seria como dizer à vida: fazes-me mal!,
e a vida é só a vida, é só o jeito de Deus nos lembrar que há.

Mas parece-me mais.
Parecem-me as tempestades ser a maneira que Deus tem
de dizer-Se-me: Pai…;
e sobreviver-lhes é o meu modo humano,
arrogante,
escroto,
de gritar-me-Lhe: FILHO!,
porque, assim, oro, rezo e louvo,
e acredito — só assim acredito —
merecer-Lhe ser imagem
e semelhança.

09/01/13

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