Número de sílabas (desde 11/2008)

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sábado, 12 de janeiro de 2013

Come Here


Linda canção de Kath Bloom.

Vem cá...

There’s a wind that blows in from the north
And it says that loving takes this course
Come here
Come here
No, I’m not impossible to touch
I have never wanted you so much
Come here
Come here
Have I never laid down by your side
Baby, let’s forget about this pride
Come here
Come here
Well, I’m in no hurry
You don’t have to run away this time
I know you’re timid
But it’s gonna be all right this time
There’s a wind that blows in from the north
And it says that loving takes this course
Come here
Come here

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

RIO JORDÃO


Existirá um céu
onde não entre ninguém,
exceto os distraídos?

Onde abram as portas crianças sujinhas, vestidas de anjo,
bocas-sujas, molecas, originais?
Onde aos originais não seja requerida
mudança,
exceto as naturais, que se dão sem que delas se dê conta?

Existirá um céu onde se adoeça,
se envelheça e até se beire à morte
só para que venham o cuidado fraternal
e o amparo que faltaram?
Existirá um céu onde se brigue, se arengue?
Onde se estapeie um amigo,
com quem depois se farão as pazes
e se beberá junto numa amizade mais mundana que antes?

Existirá um céu onde durmam conosco nossas mulheres,
e, com elas, seus homens, finalmente inteiros,
não-divisíveis
com empregos, desempregos, contas a pagar, inflações, prisões?
Onde uma boa trepada seja o mais sagrado cântico
do nome de Deus,
conjurado das bocas gratas, extasiadas, pacificadas
daqueles que, limpos pelo coito,
viram-se libertos finalmente dos males do mundo
nos braços dos anjos que escolheram?

Existirá um céu onde caibam igualmente as desavenças
sem que desapareçam?
Onde se bata a mão na mesa de um bar,
orgulhoso de si, de seus credos, ideias e convicções,
onde se pinte um quadro de um EU
com pinturas tribais, armas e brasões,
erguendo um flâmula onde se inscrevam
todas as palavras que morreram sementes neste mundo?
Haverá espaço em algum céu para as convicções
que nos tornam distraídos,
desatentos,
transeuntes de uma vida que nos observa como feras à espreita?

Existirá um céu
que seja suficientemente divino
para comportar o homem?

11/01/13

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

1:27


Morrer e nascer de novo são a minha especialidade.
Sempre gostei de tempestades.
E as temi.
Mas nunca disse ao mar: SECA!;
nem, ao vento: ESTANCA!;
tampouco, à chuva: ESTIA!
Sempre tive um quê de náufrago…
Sem pátria, desterrado, como Lilith e Caim,
e ainda à espera da epifania de meus crimes.

E tem chovido!
E estiado…
Sem que eu desejasse um ou pedisse outro.
Aqui, só me restam perguntas: prosseguirei?, resistirei?
Resistir é verbo de que não sou dono: acontece, e eu sofro,
mas sem que possa dizer que padeço.
Padecer seria como dizer à vida: fazes-me mal!,
e a vida é só a vida, é só o jeito de Deus nos lembrar que há.

Mas parece-me mais.
Parecem-me as tempestades ser a maneira que Deus tem
de dizer-Se-me: Pai…;
e sobreviver-lhes é o meu modo humano,
arrogante,
escroto,
de gritar-me-Lhe: FILHO!,
porque, assim, oro, rezo e louvo,
e acredito — só assim acredito —
merecer-Lhe ser imagem
e semelhança.

09/01/13