Número de sílabas (desde 11/2008)

counter

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

It's the end of the world as we know it (and I feel fine)


R.E.M. - IT'S THE END OF THE WORLD AS WE KNOW IT (AND I FEEL FINE)
(Bill Berry, Peter Buck, Michael Mills & Michael Stipe)

That's great, it starts with an earthquake, birds and snakes, an aeroplane
And Lenny Bruce is not afraid
Eye of a hurricane, listen to yourself churn
World serves its own needs, dummy serve your own needs.
Feed it off an aux speak, grunt
No strength the ladder starts to clatter with the fear, fight down height.
Wire in a fire, representing seven games with a government for hire and a combat site.
Left of West and coming in a hurry with the furies breathing down your neck.
Team by team reporters baffled, trump, tethered crop.
Look at that low playing! Fine then.
Uh oh, overflow, population, common food, but it'll do.
Save yourself, serve yourself.
World serves its own needs, listen to your heart bleed.
Dummy with the rapture and the reverent in the right - right.
You vitriolic, patriotic, slam, fight, bright light,
Feeling pretty psyched.

It's the end of the world as we know it.
It's the end of the world as we know it.
It's the end of the world as we know it and I feel fine.

Six o'clock - TV hour.
Don't get caught in foreign towers.
Slash and burn, return, listen to yourself churn.
Locking in uniforming, book burning, blood letting.
Every motive escalate. Automotive incinerate.
Light a candle, light a votive.
Step down, step down.
Watch your heel crush, crush. Uh oh,
This means no fear - cavalier.
Renegade, steer clear!
A tournament, a tournament, a tournament of lies.
Offer me solutions, offer me alternatives
And I decline.

It's the end of the world as we know it.
It's the end of the world as we know it.
It's the end of the world as we know it and I feel fine.

The other night I dreamt of knives, continental drift divide.
Mountains sit in a line
Leonard Bernstein.
Leonid Breshnev, Lester Bangs and Lenny Bruce.
Birthday party, cheesecake, jelly bean, boom!
You symbiotic, patriotic, slam book neck, right?
Right.

It's the end of the world as we know it.
It's the end of the world as we know it.
It's the end of the world as we know it and I feel fine... fine...

(It's time I had some time alone,
It's time I had some time alone,
It's time I had some time alone
I feel fine...)

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

FODA


“Uma empresa espanhola oferece um curso profissional de prostituição. Por 100 euros, os interessados aprendem a história da mais antiga profissão do mundo, como usar brinquedos eróticos e as posições mais populares contidas no Kama Sutra.
A empresa está sendo processada pelo Governo Regional de Valência por promover a prostituição. O empreendimento tem atraído muitas críticas no País, com muitos dizendo que essa é a maneira errada de tentar ganhar dinheiro. A empresa que criou o curso afirmou ao jornal Daily Mail que não está infringindo nenhuma lei, e as pessoas que procuram o curso sabem o que estão fazendo.
O responsável pelo curso informou que, após a conclusão, é oferecida uma vaga de emprego para se tornar professor da escola.”

(Texto visto em http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/inacreditavel/2012/09/15/308894-empresa-cria-curso-de-prostituicao-na-espanha, no dia 18/12/2012, e transcrito aqui com correções minhas)


Bem que a gente poderia montar uma aqui no Brasil…
Seria ótimo! Inversão total de valores educacionais! Já pensou? As mocinhas que morriam de medo de “levar pau” na prova agora teriam de ralar muito pra levar bem levado. E aquelas que antes davam pros professores pra passar teriam isso como prática curricular (no currículo, é mais gostoso…) e não mais se sobressairiam das outras. “Aluna vagabunda” não seria mais pejorativo! Justiça social, finalmente feita às vagabundas! Elas, as mais vagabundas de todas, antes desprezadas, achincalhadas pelas escolas desse meu Brasil, agora, diplomadas que seriam, poderiam inclusive dar aula!
Caso alguma aluna “aprontasse” (gazeasse aula pra ler Pollyanna, por exemplo), a professora poderia dizer sem medo “vá pra puta que pariu”, e ela iria, embora ressentida (“mas eu tava tão cansada desse nhenhenhém de trepar, e esse era um livro tão bom…”), ter com sua progenitora, também pedagoga da escola puttanesca (sim, porque não haveria mais exclusão universitária no Brasil!), que, com ela, ralharia energicamente:
— Você tá pensando o quê? Quer ser como a sua vó? Podendo ter aprendido a profissão de dar, mas não, foi ser besta! Olha aí! Casou com o primeiro que disse “eu te amo, eu te amo…”. Teu avô, outro imprestável, liso, não soube nem me educar pra putaria. Mas, eu, não, minha filha, comigo, não! Filha minha vai aprender a foder sim, e foder alto! Com tanta puta por aí, a concorrência tá foda! Se Deus quiser, tu vai dar pra ministro, desembargador… Toma, vai estudar! E só me volte aqui quando as pilhas do vibrador descarregarem! E tem mais! Quero tomar a lição! Cadê as revistinhas de sacanagem importadas caríssimas que eu comprei pra senhora, hein? E quero ver fingir que goza igual à Monica Mattos! Olhe lá! Venha você aqui com gemido chocho de Regininha Poltergeist e cara de quem não quer dar de Rita Cadillac, que eu lhe meto a sola, sinha quenga!

E como seria a universidade…?
Venha estudar na FODA – FACULDADE DE ORGIA DANDO ADOIDADO.
A mete..., digo, metodologia consistiria de aulas teóricas e práticas, distribuídas assim no seguinte conteúdo programático:

AULAS TEÓRICAS
  • Introdução à Introdução
  • Anatomia Básica – Cálculos Visuais de Comprimento
  • Anatomia Média – Expansão Vaginal
  • Anatomia Avançada – Alargamento Anal
  • Metodologia do Encapsulamento Preservatival I – Princípios Manuais
  • Metodologia do Encapsulamento Preservatival II – Técnicas Orais
  • Metodologia do Encapsulamento Preservatival III – Técnicas Jedi
  • Aritmética Aplicada ao Comércio Internacional
  • Cálculo Monetário I – As Moedas
  • Cálculo Monetário II – Conversão e Câmbio (Palestras sobre o Tema: “Vale a Pena Dar em Euro?”)
  • Desenvolvimento de Línguas I – Técnicas Rotativas
  • Desenvolvimento de Línguas II – Técnicas de Alongamento
  • Vocabulário Poliglota Básico – Verbetes para Compra e Venda
  • Vocabulário Poliglota Médio – Verbetes para Simulação de Orgasmos
  • Vocabulário Poliglota Avançado – Verbetes para Gang-Bang Multicultural
  • Vocabulário Poliglota Expert – Verbetes para Ressuscitação de Línguas Mortas
  • Teatro e Interpretação I – Técnicas Faciais de Orgasmo (Aulas Teórico-Práticas)
  • Teatro e Interpretação II – Técnicas Físicas e Fisiológicas de Orgasmo (Aulas Teórico-Práticas)
  • Psicologia Familiar I – Interpretação da Problemática do Cliente
  • Psicologia Familiar II – Adaptação à Problemática do Cliente
  • Psicologia Familiar Aplicada às Artes Cênicas I – Fetiches Não-Consanguíneos
  • Psicologia Familiar Aplicada às Artes Cênicas II – Fetiches Consanguíneos
  • Sociolinguística I – Adaptação ao Registro Linguístico (Palestras sobre o Tema: “Foder ou Fuder: Eis a Questão”)
  • Sociolinguística II – O Sexo em LIBRAS (Técnicas de Comunicação Manual durante a Masturbação)
  • Fetichismo Instrumental I – Conhecimento e Domínio de Objetos Não-Eletrônicos
  • Fetichismo Instrumental II – Conhecimento e Domínio de Objetos Eletrônicos
  • Estilística I – Introdução ao Periguetismo
  • Estilística II – Técnicas de Fuga com Saltos Agulha e Plataforma (Aulas Teórico-Práticas)
  • Estilística III – O High-Societysmo

AULAS PRÁTICAS
  • Pompoirismo Básico Vaginal e Anal
  • Massoterapia I – Técnicas Manuais
  • Massoterapia II – Técnicas Mamárias
  • Massoterapia III – Técnicas Vaginais
  • Acrobatismo I – Técnicas Circenses
  • Acrobatismo II – Le Parkour
  • Acrobatismo III – Freestyle
  • Técnicas de Controle Pélvico
  • Técnicas de Primeiros-Socorros I – Socorrendo o Cliente (Aulas Teórico-Práticas sobre o Tema: “Ética na Respiração Boca a Boca – Omissão de Sentimentos)
  • Técnicas de Primeiros-Socorros II – Redução de Fraturas Penianas
  • Técnicas de Primeiros-Socorros III – Microcirurgias e Sutura Escrotal com Elástico de Peças Íntimas
  • Defesa Pessoal I – Chutes Testiculares
  • Defesa Pessoal II – Esgrima com Vibradores
  • Halterofilismo Defensivo I – Elevação Antissufocamento
  • Halterofilismo Defensivo II – Retirada de Peso Morto
  • Técnicas de Ioga Aplicadas ao Surubismo
  • Técnicas de Canto I – O Orgasmo em Vários Tons
  • Técnicas de Canto II – Extensão Vocal e Vibratos
  • Técnicas de Canto III – A Ópera
  • Ginástica Vaginal Preventiva Básica – Técnicas de Relaxamento e Contração
  • Ginástica Vaginal Preventiva Média – Técnicas de Manutenção
  • Ginástica Vaginal Preventiva Avançada – Técnicas de Recuperação da Virgindade

É, meus caros, essa, sim, seria verdadeiramente uma revolução educacional no Brasil… Finalmente, os filhos da puta teriam orgulho em dizer: “você sabe com quem tá falando?”

18/12/12

domingo, 16 de dezembro de 2012

VÉIO


Ninguém sabe do fantasma da sombra do cajueiro morto
nem de que suas folhas bailaram
nem do travor que terrenou o céu de sua doçura.

Do cajueiro morto,
não se sabe da volatina das aves, também mortas
— de baladeira, ou de carcará, ou de cobra,
que bicho avoante não morre de Deus,
morre da mão, da garra e do dente.

Uma castanha, herança queimada do seco da vida,
jaz esquecida dos moleques do fogaréu:
ali, repousa a força das almas
vividas no oco daquela terra,
gente, bicho e flor, maturis negados pela estiagem
que é chão branco, chão onde tudo se esquece.

16/12/12

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

ASSIM NASCEU O PEIDO


13/12/12

OS BECOS


Os becos são ruas
feitas só para homens
que sabem para onde fugir.

13/12/12

FISGADA


O melhor dos paraísos se destina
a quem morre pela boca.

13/12/12

A SUPERFÍCIE EM FUGA


Ando mesmo precisando
ver águas diferentes sob as pontes
passarem correntes
que me libertem daqui.

13/12/12

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

GLOBO DA MORTE

Calendula officinalis

Andava meio assim: “basta me chamarem, que eu vou”. A tormenta dos trinta anos soprada pela calmaria dos quarenta, um emprego no bolso, um homem a tiracolo. Não era de todo seu, sabia, mas não importava. Dava-lhe gozo e ombro, gostava de estar com ela. Todos gostavam de estar com ela, mas nenhum ficava. A cama tinha lençóis trocados de ano em ano, com raras demoras além disso.
Ela iria. Olhava a porta que separava dois mundos iguais — não entrava nem saía em lugar algum. Quando criança — e isso a assombrara muito! — vira um globo da morte num cirquinho de bairro. Pequeno, só duas motos. “Ele e eu”, pensou. Giros, vertigens, sustos, caos ordenado!, mas, depois, os dois saíam, o casal, tiravam os capacetes e faziam a reverência do espetáculo. Ela nunca os aplaudira em todas as noites que os vira desafiarem a morte. Sabia que não havia desafio. Tempo, marcas, velocidade, rotas, tudo predeterminado, uma morte ou um aleijão, sim, viriam se ousassem ir contra a coreografia. Estava farta de parceiros de dança… “Ele, não! Eles! Eles e eu…” Iria para onde a levassem.
Cortou os cabelos, calçou sandálias novas, planejou Franças e Espanhas, procurou por Deus na igreja, na Bíblia, na Cabala, nas mitologias pré-colombianas, cansou, fez tatuagem, o clichê da borboleta, mesmo estilizada em notas musicais, paquerou canalhas, deu, curtiu S & M, amarraram-na, gozou mais, fez ménage, grupal, tântrico, o tradicional romantiquinho num chalé em Blumenau com fondue e lareira… Ao chegar ao apartamento, não sentia nos pés descalços sobre o mosaico que mandara vir de Alcântara a gratidão do lar. Achou outro apartamento. Acarpetado, periférico, condomínio de luxo, térreo, frente para um átrio, estilo mediterrâneo. Covarde, não vendeu o seu. Alugou os dois, pagando um com o apurado do outro. Tentou preencher o novo consigo mesma. Inventou um self, um id, uma nova Madalena que nunca mais se arrependeria. Criou calêndulas porque gostava da sonoridade do nome e de Drummond. Pensou na família, “onde estão?”, convidaria para churrascos de domingos? Haveria de fazê-los?
Deu-se um mês, logo, um ano. O trabalho lhe exigia pouco. Geriatra bem-sucedida, montara uma clínica que levava seu nome e computava ótimos respaldo, qualidade e quadro de funcionários. Estava bem, gerenciava, apenas. Velhos, eram todos velhos, os pacientes e os médicos. Dera a dois de meia-idade de uma vez só, em sua cama, gritos, ótima noite, depois, amigável rescisão de contrato. “Médicos me saem melhor que prostitutos”, resolvera.
Naquela manhã, acordou, sentiu náuseas, “deve ter sido a vodca”, caminhou o corpo nu pela casa a esmo, meio perdida. Uma memória que achava ter deixado nos azulejos de Alcântara lhe servia de sombra pelo carpete branco. Perguntava-lhe… “iria?”. Foi ao lavabo, viu-se no espelho, não se viu em si. Um minuto, dez, meia-hora, celular tocando inaudível, mil mensagens, meio-dia, ela, estática, indo, indo… Sentou-se na cama do lado da edícula que trouxera de Aparecida, olhou a santa negra, beijou-lhe o manto azul, rezou maquinalmente a ave-maria como fizera lá, deitou-se fetal entre as seis almofadas de diferentes fronhas, indianas, sólidas, florais, abraçou-se à única que trouxera da velha cama, pôs entre as pernas outra, a mais dura, que, sob o quadril, arqueou-lhe a bunda tantas vezes para o seu gozo preferido, com as pernas abertas e o corpo descendente, como se estivesse sendo enfiada na cama pelos paus de seus canalhas ocasionais, o último, quando fora, não se lembrava… Como seria se os parceiros largassem o guidão e deixassem-se ao acaso? Iriam como ela? Perdeu-se nisso dando voltas, perseguindo-se, perdendo-se.
Encontraram-na pela denúncia do mau cheiro por parte dos vizinhos ao síndico e dono de seu apartamento e pela subsequente visita de um oficial de justiça como efeito da ação judicial perpetrada por ele junto ao Tribunal de Pequenas Causas. Morta, havia semanas. Nunca lhe bateram à porta, mas “quem era?”, “coitada”, “alguém conhece a família?”. Por interferência do filho do desembargador fulano, morador do mesmo bloco, cobertura, que promovia bacanais perdulários com putas e michês pré-adolescentes encharcados de heroína e crack, encerrou-se rápida a investigação e deu-se o laudo de morte acidental por apneia.
Porém, houve, ainda que nunca se descobrisse, quem não deixasse morrerem as calêndulas que habitavam o átrio comunal junto a samambaias, comigo-ninguém-pode, espadas-de-são-jorge e várias outras flores, dentre as quais, algumas humildes boas-noites-brancas, que, a despeito de sua simples beleza malgaxe, não eram, por ignorância de sua dona, bem-vindas ao requinte proparoxítono de suas flores.

06/12/12

COMO ENSINARAM SEXO PARA NOSSAS VOVÓS

Aula de Educação Sexual, em 1929.
Imagem original: Educação Sexual.
06/12/12

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O TEMPO É A MEMÓRIA DE DEUS


O tempo é a memória de Deus.

05/12/12

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

CONJURAÇÃO


Às vezes,
é preciso
escrever algo
para que o tudo
que esse algo
significa
torne-se verdade.

03/12/12

OCULTAÇÃO


Se todos os meus amigos soubessem o quanto são queridos
e o quanto o são mesmo a distância,
mesmo em silêncio, inclusive o silêncio de minha presença,
se todos soubessem o quanto os amo,
talvez amá-los perdesse um pouco do sentido,
talvez, desfeito o mistério da ignorância do amor,
este se apagasse um pouco, ou pouco a pouco,
até sumir-se.
Se todos soubessem tudo,
não haveria por que havê-lo.
Talvez sobrevivamos — ou talvez seja só eu —
no mistério do querer oculto,
esse desejo de ser ignoto em sentimentos
e de esconder-se em esquinas,
observando, de esguelhas, a beleza da vida
como a nudez proibida de uma mulher.

Gosto da vida como um voyeur: clandestinamente.

03/12/12