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terça-feira, 3 de julho de 2012

DESEJO E AUSÊNCIA


Tens muito de mim no pouco que sabes,
e ainda há mais:
há um eu em cada silêncio
com que te chamo,
e não ouves;
há meus passos e meu cheiro
nos caminhos imaginários
que levam a ti,
e desconheço;
há o não te conhecer
que me preenche
e te nomeia;
há um estares onipresente;
há um eterno partires;
há um tudo que faz tudo, a ti, parecido.

Tenho pouco de ti — desejo e ausência —,
e tens muito meu.
Mas o que tenho me preenche,
e o que tens nem sabes,
sequer percebes.
És ignorante do que podes
e inapta a tal, se o soubesses.
Já eu,
eu sou flecha em voo:
não posso voltar,
mas voo.
Sei o que posso, e o que posso é o que quero,
e minha queda me explicará.

Não foste o que me lançou,
nem o que me sustém,
tampouco aonde vou.
Tens muito de mim,
mas não me controlas.
E o que me controla,
justo por não ser eu,
não conhece o eu que possuis
nem dele precisa.
O que me controla e me caotiza
tem suas próprias regras
e não volta atrás.

03/07/12

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