Corpo — que ardes da febre dos malditos,
alheia das dores a ti submetidas —,
cai por terra sobre as hordas aturdidas
e espalha o sangue das farpas dos teus gritos.
Descarna sobre o chão teu carpo encarnado,
tu, que, da pele, ergueste o espírito aflito
e te deste ateu ao rito dos contritos
— tão mais uno quanto mais despedaçado —
para a mesa posta e os dentes da matilha
rasgarem-te a memória e a fantasia.
Tu, que és do todo a parte que deseja,
completa-te a cobiça — quem não diria? —
com a rara esmola do corpo que cortejas
e que perdes, ao passo que te partilhas.
30/06/12
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