Número de sílabas (desde 11/2008)

counter

sábado, 30 de junho de 2012

SONETO DO CORPO TRISTE

Foto: Araquém Alcântara
Clique no nome do artista para acessar sua página.

Corpo — que ardes da febre dos malditos,
alheia das dores a ti submetidas —,
cai por terra sobre as hordas aturdidas
e espalha o sangue das farpas dos teus gritos.

Descarna sobre o chão teu carpo encarnado,
tu, que, da pele, ergueste o espírito aflito
e te deste ateu ao rito dos contritos
— tão mais uno quanto mais despedaçado —

para a mesa posta e os dentes da matilha
rasgarem-te a memória e a fantasia.
Tu, que és do todo a parte que deseja,

completa-te a cobiça — quem não diria? —
com a rara esmola do corpo que cortejas
e que perdes, ao passo que te partilhas.

30/06/12

Nenhum comentário: