(Para Camila Rocha, mi demonito de alas dulces)
Entre ter alma e ter espírito, escolho o segundo.
Dos dois, é o único que, como eu, tem os pés sujos e rachados,
e conhece o ar pesado da insônia
de sonhar-se para além daqui.
A alma, esta, jaz sempre dormente, à espera,
Cinderela de um beijo que é só promessa.
A alma é uma rapariga mimada,
inarticulada,
de quem se sabe só que é casa oca,
onde, moleque, ralou-se, destroncou-se, esganiçou-se traquino
o espírito menino
cheio de ranhuras
e de vidas escondidas nas vidas
das árvores mortas espalhadas nos quintais
onde brinquei de ser quem sou.
25/05/12