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quinta-feira, 1 de março de 2012

DE VOLTA À IDADE MÉDIA

Nani

Apesar da escuridão, tudo nunca esteve tão às claras! Enquanto se espalham uma cegueira religiosa e um ódio contra tudo o que é diferente ao “fiel” (aspas gigantescas), políticos-pastores-padres-etc. são eleitos por suas congregações com a única finalidade de legitimar um Estado cego, opressor, vinculado à abstração dos dogmas religiosos e, por isso mesmo, essencialmente corrupto, visto que não governa pelo princípio da justiça laica.
É óbvio que isso não tem nada a ver com a fé. A fé existe inerentemente ao ser humano, mesmo aquele que diz não tê-la. Fé é a capacidade de crer no abstrato, no que é imperceptível aos sentidos naturais. Fé é a grande metáfora da vida. Mesmo os ateus têm-na, ainda que a tenham materializada, dissecada, logicamente embalada pelos braços da Ciência.
Não, meus caros. Isso tem a ver com a velha prática eleitoreira de desviar a atenção do povo a uma ameaça irreal, montar nessa suposta ameaça e levantar uma bandeira, um pavilhão de “defesa de Deus” contra o horror do “mundo”. Eles são o mundo. Nós somos o mundo. E o mundo, parecido ao que Darwin teorizou, pertence aos mais adaptados. No caso, aos mais “espertos”. Sim, pois é preciso alguma esperteza para entender o funcionamento da religião na mente das pessoas simples, das complexas, das alienadas e das militantes. Na cabeça do brasileiro, religião (as derivadas do Protestantismo, principalmente) passou a ser algo como uma facção, um clã. Uma temeridade, não ter vínculo com ela!
Benett

E fica essa pivetada tratando religião como se fosse time de futebol no Facebook… Porém, faz sentido. Seus ídolos em várias áreas fazem, além do “s2” com as mãozinhas estúpidas a cada gol e a cada aplauso idiota, sinais de louvação, de júbilo, de agradecimento. Seria até bonito, caso não fosse marketing.
Nani

O caso é que, voltando à política, possibilitou-se o sonho dourado de qualquer partido ou facção: uma base eleitoral pronta a corroborar cegamente tudo o que estiver sob a flâmula da cruz e do calvário, sem ponderações, sem maiores envolvimentos. Afinal, que “fiel” (aspas olímpicas!) levantar-se-ia contra o seu “pastor” quando este pregasse a “palavra” diante da Presidente, aquela “mulher do mundo”?
Consequente a isso, o que viria? Talvez, uma acusação de “impureza” ou de “possessão” por parte do coisa-ruim na coisa pública, seguida, obviamente, de uma candidatura heroica e “desejada por Deus” de um Marcelo Crivela da vida (ontem, noticiou-se a sua indicação a um ministério), sobrinho de um dos homens mais odiosos da nossa contemporaneidade, e membro (se eu não me engano, “bispo”) de uma das mais bem-sucedidas quadrilhas do mundo?
Tudo me parece favas contadas. Tudo me parece óbvio. Tão óbvio quanto uma leva de “fiéis” (aspas bíblicas!!!) postar, de coração clemente e indignado com estas mundaneidades, figurinhas (à semelhança dos “tazos”, vocês lembram?) com os dizeres “Meu Ídolo morreu por mim, e o seu?” ou (o melhor de todos) “Se você ama Jesus, compartilhe” após esta crônica.
O que será que eles diriam caso lhes fosse perguntado o real significado de compartilhar?

01/03/12

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