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quarta-feira, 14 de março de 2012

CONSIDERAÇÃO DAS ROSAS


Em que arte reside o espanto da flor
Que se despetala sem sol e sem vento,
Sem passo de dança, sem timbre, sem rendez-vous,
Sem aurora, sem amor, sem alento, sem platéia?
Em que se pinta a morte que ninguém vê e que ninguém sente
Da rosa na sua obscuridade?
Não na moldura da tarde, não na tela encarnada de um amor arraigado,
Não na lembrança renitente de uma outra, tão distante, noite.
A rosa se esquece num chão que nem existe.
Um amor que se desenhara em suas pétalas
Na verdade não nunca chegou a ser, sempiternamente oculto, castrado, infértil.
Nada que se diga das outras rosas em versos, estrofes, livros, enciclopédias botânicas,
Arsênicas melodias às três horas da madrugada…
Nada mais se atribui à rosa.

Mas continua por aí
O seu Nome.

Nas rosas que, desesperadas, tentam lhe alcançar a divinal consistência da total entrega.
Nas outras rosas, nas outras.

30/12/05

2 comentários:

Anônimo disse...

as opções de reação não são justas, deixam na vida da gente o incompleto, o inconcluso, o pior; o não-dito.
e vc pergunta:
"Em que arte reside o espanto da flor
Que se despetala sem sol e sem vento,
Sem passo de dança, sem timbre, sem rendez-vous,
Sem aurora, sem amor, sem alento, sem platéia?"
e eu respondo: naquela mais pura, antes dos mecenas, antes das grandes revoluções, antes do homem.

Anônimo disse...

é a Rebeca... n aparece aqui p se identificar...