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domingo, 29 de janeiro de 2012

II Blues do Nordeste

A Gambiarra Blues Band convida todos os amigos a compartilharem de ONZE dias de boa música com alguns dos artistas mais representativos do blues feito no Nordeste. Valerá muito a pena participar, galera. Aqui está o link da programação: II Blues do Nordeste.
Bossimbora!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

DOMINGO

(À Alexandra Moreira, amiga e historiadora, em cuja beleza estes versos navegam)

Ali, na praia deste domingo inaugural,
você passa,
e a onda da tua coxa fez uma curva tão sinuosa
que o vento deste verso deslizou na pauta
e correu doido, à guisa de redemoinhos…
E a tua barriga de duna,
desfazendo-se em grãos que arrefecem, uma névoa de pelinhos
— véu suavíssimo em torno do alabastro —,
é onde pequenas sombras escondem
o rumo das minhas rimas…
E teus quadris cheios, bojudos, calipígios,
são correntes, rios por dentro do mar,
por onde nadam todas as metáforas
de mares, de estrelas e jangadas…
Sem falar em tua concha pequenina,
que guarda o teu castiço segredo de pérola
como o sentido íntimo de um poema.

Só me ocorre agora um pensamento digno
de um puro domingo de janeiro
— desses de férias dentro das saias e dos biquínis.
Feliz do náufrago desta terra seca
que aporta na praia da tua pele
e fica
ou se faz marinheiro no teu mar
e não volta nunca mais.

09/01/12

domingo, 8 de janeiro de 2012

FORMOSA


“Mulher que nega
Não sabe não
Tem uma coisa de menos no seu coração”

Carinho é coisa incompleta.
Por isso mesmo, é nuvem de céu equatorial:
passa, ensombra, esfacela-se meiga e reinventa suas formas
no azul e no negro, igualmente;
porém não chove
e à terra, que sua alma acaricia
— pois a sombra é a alma do que é vazio —,
não lambe a pele com seus rios,
nem se lhe entranha com seus veios.
Não lhe goza na carne triste a renhida temporã
de um amor de macho transformado em força,
em mares despedaçados em partículas de vida.
Carinho é feito moça donzela,
que tem mais valor no guardado da prenda
que têm nas bocetas as humildes prostitutas
que saem pelas esquinas, distribuindo chuvas e sorrisos de meias-noites.
O sazonal da vida do homem
só conhece o beijo lânguido daquela,
ou o outro, negado, desta,
mas, nunca, a primavera!,
quando a terra casa e copula,
e quando nascem dos caroços de manga, enterrados na prenhidão dos amantes,
a doçura de estarem amados
como os amaram no mais profundo de seus corações
suas esperas amargas de tantas e longas estiagens.

08/01/12


Poema escrito em parceria de espírito com minha amiga Daniele Fernandes, que o conheceu talvez até antes de mim. Beijo, Dani.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

CADÊ?

O imperadorzinho querido do Ceará

Cadê os defensores do GOVERNADOR e da PREFEITA agora?
O que fazemos, senhores pseudointelectualoides defensores de partidos, quando não se pode sequer pegar um ônibus pra ir ao trabalho, ou melhor, o que fazemos QUANDO NÃO HÁ ÔNIBUS, POLÍCIA, BOMBEIROS, SAMU…?
É, meus caros, nesta primeira segunda-feira de 2012, sob um quadro de greve desses setores (ônibus entrarão amanhã), Fortaleza enfrenta um caos causado pela insegurança e pela desorganização de egos e de setores da sociedade.

Será tudo isso arranjado pela oposição, como ambas as esferas adoram apregoar (ué, mas eles não se opõem uma ao outro?)?
Cadê o SISTEMA VERDES MARES DE COMUNICAÇÃO (VENDIDO)? Fazendo de conta que coisas assim não acontecem na nossa oligarquia? Refiro-me a ele por ser praticamente da esfera do poder, como uma “secretaria”, porém… cadê os outros?
Mas, principalmente… CADÊ NÓS?
Professores entraram em greve contra um governo ditatorial, que comprou sindicato, imprensa, oposição, e enfiou goela abaixo suas determinações.
Não fizemos nada.
PM, bombeiros e SAMU entram em greve contra o mesmo governo, e a cidade entra em pânico, o caos se instaura, e o medo, também.
Continuamos não fazendo nada.
Nossa prefeita, amparada por uma baiana de cinco milhões de reais, grita sob vaias a um aterro ultrajado que nossa cidade é “bela”.
Persistimos em não fazer nada.
Não me lembro de termos ao mesmo tempo um governo estadual e um municipal tão indignos, tão corruptos e déspotas, TÃO ODIADOS.
CADÊ NÓS?

Em casa, com medo, refugiados nas redes sociais ou nas de varanda mesmo, assistindo à novela (tanto faz qual) ou nos indignando burguesamente diante de noticiários ainda mais castiços em seus empoleiramentos de “alto clero”, de “complacente, mas contrariada aristocracia”.
Estamos dentro de um estado de existência social tão vergonhoso que sequer disfarçamos mais nossas tentativas de fingir nossas PASSIVIDADE, CUMPLICIDADE e COAUTORIA.
Estamos aqui, tão mortos de vergonha que fedemos apodrecidos em nossa estagnação.
Os estudantes, cadê? “AH, QUE CHATO, NÃO POSSO NEM SAIR PRA NIGHT”.
Os professores, cadê? “NÃO VOU AJUDAR QUEM AJUDOU A BATER EM MIM”, respondem os do estado; os particulares, já faz tempo, não sabem mais como mobilizar os seus alunos pra qualquer que seja a causa social legítima (que ultrapasse gincanas e semanas culturais que valham nota no conceito), e, francamente, eu me pergunto se esse aluno “tableteado” entenderia o conceito de mobilização social.
Os trabalhadores, em geral, cadê? “NÃO É DA MINHA CONTA”, respondem em coro.
Resta isto, meus amigos: uma bela esfregada na nossa cara, uma surra sem pena, uma epifania (os intelectualoides vão adorar) de quem nós realmente somos.
Um espetáculo de nosso cinismo e de nossa tão patente condição de animais arrebanhados (por políticos, por pastores e afins, pela internet, pela TV, até mesmo, e principalmente, pela opinião de outrem, porque “é tão chato ter de pensar sobre isso…”).
É tão chato ter de pensar sobre isso, não é?
“Ah”, pensa talvez o jovem internauta, “vou já criar aqui uma montagem ‘fuderosa’ pra mostrar pra esses ‘felasdasputas’ minha indignação!”.
Ou, quem sabe, um texto? É… um texto é bem melhor, mas… pensar dá tanto trabalho…

02/01/12