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terça-feira, 7 de junho de 2011

LINHA DE PASSE

Marcelo Zocchio & Everton Ballardin -

Aquele professor havia pendurado as chuteiras. Alegara que os cartolas do MEC queriam que ele simulasse falta a cada lance, pois diziam que o juiz tinha tentado consecutivamente e sem sucesso todos os ENEM e acabara entrando pelas cotas na plêiade da SEDUC.
Em seu lugar, colocaram prestos um moicano semianalfabeto de 19 anos que engravidara uma menina-maria-chuteira de 17, por representar melhor a cultura de seu país.
E viva o futebol-arte!

07/06/11

domingo, 5 de junho de 2011

DESCAMINHO


Morte é uma coisa que vem vindo, vem vindo, disfarçada de idade, travestida em rugas resignadas, sestrando artrites, acenando doençazinhas… Morte é a idade.
A minha, quando chegar, para seu doce espanto, já vai me encontrar velho.
Terá pouco de fazer: talvez um afagar de cabelos, um beijo nos olhos, talvez só um cafezinho silencioso, amigo — bandeiriano. O silêncio nos colocará no mesmo patamar — também fui eu ao seu encontro e encontrei-a pronta, também eu não desejara a parlenda de uma visitante desconhecida.
No mais, ficam esquecidas as pequenas coisas: os papéis nunca lidos, os sapatos gastos, os porta-retratos ansiosos por reencontros. Ser velho como ela o quer é não precisar. É desfolhar-se um outono na folha, que suicida as árvores que fora e que nunca fora.
Outro dia, disse do ideal ser um pé de vento que me viesse e me desenraizasse, que me morresse uma morte com asas, com ar por todos os lados, arrebatadora. O que não sonham os desvalidos…
Quando ela vier, eu já serei brisa, já terei ido e vindo, já serei descaminho, estrada vicinal que nunca se dera de rodovias.
Quando vier, serei eu quem dirá com um leve meneio de olhos aonde irmos. E ela saberá.

06/05/11