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segunda-feira, 28 de março de 2011

ROMANCE CAÓTICO

José Barbosa - Caos e Cor

Era tudo assim:
um contrário cheio de sensos;
um destarte desastrado a caminho de casa;
uma rua no meio do mar;

uma rota para a Austrália;
um porto seguro no sertão;
uma garrafa de tiquira;
um perder de rostos nas janelas dos ônibus;

uma mistura de coloides
em camas negras de cansaço;
uma hora bem perdida
entre tantas encontradas;

uma fome e um siri;
uma quentura morta n’água.
Era tudo meio assim,
meio ermo, meio espasmo.
Meias-noites espalhadas,
meias-luzes de manhã,

que a manhã, gritando, esfaima,
que a faina e a chicotada
rasgam vermelhas num mormaço
que deixa tudo como está:
no que fora um nunca mais,
uns talvezes mornos de domingos.

26/03/11

2 comentários:

Eliézer Araújo disse...

De uma sensibilidade incrível o que tu escreves, Fernando. Incrível.

E eu não sou músico!
Esse é o Mateus!

Fernando de Souza disse...

Brigado, machovéi! Pode deixar, que eu não me confundo mais.