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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

LAGOA


O mar se faz presente como um trovão sem chuva.
O céu se desenha e se desdesenha e se redesenha em nuvens leves e escuras
— mantos de deuses meninos
embalados pelos galos apressados e pelos cães sempre expeditos.
Um trovão eterno, sem descanso.
Um tom mais forte e depois outro ainda mais
cobrindo a lagoa que, plácida,
dormita como uma tia
que recebeu bem as visitas queridas em sua vastidão de casa.
Até as estrelas dormem,
até a lua dorme.
Não fosse o mar
a arengar com os cães e com os galos
com seus resmungos de assuntagem,
o mundo inteiro pareceria dormir essa noite.

02/01/10    5h22min

Esta é uma repostagem deste poema feito há pouco menos de um ano. Ele é fruto de uma noite chuvosa, mas não daquelas chuvas drásticas, punitivas: uma chuva de harmonia, de limpeza, de reencontro. Reencontro é a palavra.
Estes últimos dois dias foram de reencontro com quem e o que eu amo. Por hora, ainda é muito nítido, muito claro (acho que o poema filho destas horas recentes precisa de olhos apertados, porque, agora, ele seria meio assim: "um dia de chuva | um dia de sol | e o que sinto não sei dizer"). Assim, quero (re)registrar um momento comum aos dois períodos, que foram tão diferentes, mas igualmente renovadores.
E quero dizer àqueles e àquela que fizeram destes dois últimos dias algo tão bom que os amo muito mais que saberia dizer.