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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

RACISMO: FLAGELO BRASILEIRO

Amigos,

Ultimamente, temos visto o racismo e o preconceito sociorregional e cultural tomarem lugar aqui, na internet, e notícias a esse respeito circularem nos meios de comunicação (muito poucas). É notório que algumas empresas de televisão se omitem quanto a algumas notícias (vide ENEM) quando isso lhes interessa, mas eu assumo que reconheci em mim ainda um resto de inocência por achar que a falta de veiculação devida do caso "Mayara Petruso" acontecera em virtude da natural sobreimportância de outros assuntos (depois, eu, burro, perguntei-me "quais?").

Hoje, por exposição de um amigo, entrei em contato com a notícia e com o vídeo a ela incorporado que seguem abaixo:

Conversa Afiada de 16 de novembro de 2010
(ou copiem e colem: http://www.conversaafiada.com.br/video/2010/11/16/video-assustador-globo-de-sc-tem-odio-de-pobre/)

Não venho aqui com o intuito de piorar ainda mais a imbecilidade de generalizações regionais ou municipais. Tampouco venho defender ou atacar o jornalista responsável pelo sítio (Paulo Henrique Amorim), ou, muito menos, a empresa de que ele faz parte (Rede Record). Há outros momentos para a defesa dessas teses. Por agora, o que, para mim, pareceu muito pior, e, por isso, quebrei meu costume de não me envolver, é o teor racista e, por que não dizer, neonazista (SIM, É ESSA A PALAVRA) com que um suposto profissional do telejornalismo (alguém cuja profissão é, acima de qualquer outra coisa, um exercício da defesa do interesse das pessoas menos favorecidas, mais frágeis, mais humildes, mais indefesas) se manifestou numa emissora afiliada à Rede Globo de Santa Catarina.

O motivo pelo qual acho muito mais perigoso o MENSAGEIRO que a própria MENSAGEM é o fato de, meus amigos, não ter sido esta veiculada por um animal de cabeça raspada tatuado com suásticas, e sim por UM PROFISSIONAL DE UMA EMISSORA DE TELEVISÃO ABERTA.

Quando uma sociedade chega ao ponto a que nós chegamos, quando as pessoas já não se sentem mais inibidas ou coibidas a esconder suas bestialidades e defendê-las abertamente em palanque sob a salvaguarda da bandeira do JORNALISMO (perdoem-me os jornalistas sérios), supostamente, fiando-se na racionalidade, ou pior, no senso comum de sua região, então, meus amigos, é hora de temermos.

E de reagirmos.

Não nós, nordestinos (terminologia que defendemos sem saber que nasceu já inventada preconceituosamente), ou os outros habitantes das regiões do Brasil sob a bandeira de suas culturas.

Eu me refiro a nós, pessoas.

Acordemos!

Esses retrocessos não o são de fato. Os pensamentos de superioridades social, racial, cultural, comportamental, artística etc. estão imiscuídos entre nós há tempos. O que vem acontecendo é a erupção de uma lava que nunca esteve adormecida, apenas contida. Entre nós mesmos, independentemente dos fatores citados acima, há esse tipo de comportamento. Percebemos isso diariamente e, por omissão, passamos adiante aos nossos filhos, amigos, alunos, colegas.

Não resolveremos isso com boicotes. Nem com a imbecil represália de Talião.

O caminho é a reconquista de nossa humanidade, que ficou perdida em nossa história desastrada por meio de nossa cegueira consumista, nossa irresponsabilidade eleitoral, nosso hedonismo, nosso egoísmo, nossa corrupção.

A meu ver, a coisa mais difícil que existe é mudar alguém por meio de qualquer coisa que não seja o exemplo. Sei disso porque esse é o meu ofício.

Se quisermos mudar, mudemos a nós.

Vamos recuperar o legado daqueles que morreram martirizados por direitos de que, hoje, desdenhamos (outro dia, vi alguém veladamente defender a ditadura sob o argumento de que seu pai dormia com a janela aberta àquela época).

É com mais tristeza que esperança que eu passo adiante essa notícia, esse vídeo e este comentário.

Porém, podem ter certeza, é com toda a teimosia deste mundo.

Um abraço a todos,

Fernando de Souza

Um comentário:

Tamyle Ferraz disse...

NÃO, IMAGINA, NÃO EXISTE PRECONCEITO NO BRASIL...


- Mas nego quando não caga no começo, caga no final.
- Mulher não pode governar o país, só pode governar o fogão.
- Nordestino é burro e preguiçoso...


Até quando vamos fingir que não há preconceito aqui. Negar sua existência é afirmar o descaso.
Belo texto, Fernando.