Montar-te peça por peçaE de cada tijolo untar de alma os espaços vazios.Montar-te muro, quintal e alpendre,Escadas e salões,Entradas e saídas,Montar-te os espaços inúteisOnde o sol preguiçoso asperge de mormaço e modorra as reentrâncias repletas da desocupação que se instala junto a cada tijolo assentado, a cada gota de suor amalgamada ao reboco mole que espera a maduração seca da areia do tempo.Montar-te feia, montar-te torta e desajeitada,Derrubar-te propositalmente em certos pontos,Fazer-te monturos de teus restos e empilhamentos de arestas arrancadas.Deixar-te as portas em falso;Colar-te mal os azulejos, anarquizar-te os mosaicos de abáculos desiguais;Caotizar-te;Enlabirintar-te;Desdimensionar-te;Montar-te o desmontar-te.Depois, quando tuas peças de montagem, teus tijolos, teus ladrilhos e porcelanas, teus caibros, teus rodapés, teu chão, teu teto, teu preenchido e teu vazio, teu inespaço,Quando tuEstiveres montada,Morar-te.Mas morar-te do lado de fora.À entrada.Vigiando-te.
18/10/2007
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