Número de sílabas (desde 11/2008)

counter

sexta-feira, 12 de junho de 2009

MONTAR-TE

Montar-te peça por peça
E de cada tijolo untar de alma os espaços vazios.
Montar-te muro, quintal e alpendre,
Escadas e salões,
Entradas e saídas,
Montar-te os espaços inúteis
Onde o sol preguiçoso asperge de mormaço e modorra as reentrâncias repletas da desocupação que se instala junto a cada tijolo assentado, a cada gota de suor amalgamada ao reboco mole que espera a maduração seca da areia do tempo.
Montar-te feia, montar-te torta e desajeitada,
Derrubar-te propositalmente em certos pontos,
Fazer-te monturos de teus restos e empilhamentos de arestas arrancadas.
Deixar-te as portas em falso;
Colar-te mal os azulejos, anarquizar-te os mosaicos de abáculos desiguais;
Caotizar-te;
Enlabirintar-te;
Desdimensionar-te;
Montar-te o desmontar-te.
Depois, quando tuas peças de montagem, teus tijolos, teus ladrilhos e porcelanas, teus caibros, teus rodapés, teu chão, teu teto, teu preenchido e teu vazio, teu inespaço,
Quando tu
Estiveres montada,
Morar-te.
Mas morar-te do lado de fora.
À entrada.
Vigiando-te.

18/10/2007

Nenhum comentário: