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sexta-feira, 12 de junho de 2009

CORRER ATRÁS DA LUA

Correr atrás da lua
quando eu era criança, quando o mundo era criança, quando a noite era criança…
O mato quebrado nos cantos, tudo claro, tudo cinza-azulado e os cercados da vida ainda não tinham arames farpados.
Correr atrás da lua em disparada e sem olhar para frente.
Qual vento que podia segurar! Qual noite que podia amedrontar!
De companheiros, um primo mais velho e distante e os sapos perguntando: o que foi?
Que importa? Queria alcançar a lua e guardá-la nos braços, como se abraçando um troféu.
Queria abraçar o mundo, queria saltar o mundo, queria ser o mundo!
Às vezes sozinho, era muito raro. Aí, então, era de outro jeito.
Não corria com tanta pressa. Caminhava ao lado da lua.
Já não olhava tanto para ela, sabia que ela estava lá.
Olhava mais para frente. Sentia a frieza do vento e o amedrontado da roupa da noite.
Sentia a presença de tudo sem tocar, sem ver, sem ouvir. Os cheiros gritavam seus significados.
E havia outro cheiro e outro gosto, que se sussurravam em meu peito.
E a cada passo caminhava mais para dentro. Mesmo quando saía do mato.
Cada passo era para dentro, para dentro de mim, para dentro do mundo.

17/05/03

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